Uma Academia de Odontologia! Que finalidade teria? O que faz reunir-se, periodicamente, um grupo de Cirurgiões-dentistas com mais de quinze anos de diplomas, admitidos mediante demorado processo de seleção?

   Estimular o estudo, a pesquisa de interesse odontológico seria, em breves termos, uma resposta, mas devemos reconhecê-la como muito simples e insatisfatória para os espírito mais aguçados e inquietos que buscam as causas e as consequências dos atos humanos. 

   Composta de Membros Beneméritos, Membros Honorários, Membros Correspondentes e Membros Titulares, a Academia Alagoana de Odontologia repousa neste últimos a responsabilidade maior pela sua sobrevivência. São esses cirurgiões-dentista, quase todos experimentados na luta do dia-a-dia nas associações de classe ou na cátedra, que se esforçam para legar aos mais novos um conceito ético do exercício profissional, um amor dedicado à pesquisa e ao ensino da Odontologia, o espírito de fraternidade inerente a uma profissão que já se firmou no consenso comunitário mas que precisa manter-se alerta para não descambar nos escuros caminhos do ganho fácil em detrimento da preservação da honra e do decoro profissional.

  Fundada nos moldes das tradicionais Academias de Letras, não poderia fugir a nossa a certos ritos reguladores de uma sociedade de número reduzido de membros que precisam preservar certas práticas consagradas já no decorrer de um século. As vestes talares, nas sessões solenes, despertam, não somente o público, mas também e principalmente os próprios acadêmicos para a imponência de que se reveste uma Academia. Sem permitir-se a adoção de ritualismo absurdo e intolerável, a Academia Alagoana de Odontologia preserva suas cerimônias segundo normas rígidas para assegurá-las majestosas e agradáveis aos seus convivas. 

  Ponto importante prodigalizado pela Academia é o convívio sadio, a oportunidade de encontro de colegas que, ao menos uma vez no mês, se confraternizam e reforçam os alicerces de velhas e novas amizades, num ambiente de ciência e sociabilidade, com o objetivo maior de engrandecer a Odontologia, numa troca de experiência entre os mais velhos, já afastados da clínica diuturna, e os mais novos cheios de novidades e da generosidade de dar ouvidos á suposta experiência daqueles. Se para os novos, a Academia é honra, glória, esperanças, para os mais velhos, acrescenta-se a tudo isso ressurgir de emoções um tanto descoloridas com o passar de décadas mas sempre presentes como atestado de dedicação empenhada em prol de um trabalho nem sempre bem compreendido.

  A Academia não pretende propiciar solução para todos os problemas com que se defronta a sociedade moderna, mas assume o papel de se pôr na vanguarda dos acontecimentos para proclamar "alvíssaras" quando surgirem no horizonte sinais de bonança para esta conturbada humanidade que enseja por paz, amor, tranquilidade.